sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Capítulo XI

CAPÍTULO XI


O homem é tão fraco que crê que viu a alma de alguém caso este morto lhe apareça em sonho.

Mas se sonha com uma pessoa viva, fica-se demonstrado que não viu nem o corpo nem a alma dela, mas somente a sua imagem, como se os mortos não pudessem aparecer do mesmo modo que os vivos, sob a forma de imagens semelhantes.

Eis a narração de um fato que ouvi em Milão: certo credor reclamava o pagamento de uma dívida e exibia a cautela assinada por um senhor recém-falecido ao seu filho, que ignorava que o pai havia efetuado o pagamento do empréstimo [antes de falecer].

O jovem, muito aborrecido, estranhava o fato de seu pai não ter-lhe falado nada sobre a existência dessa dívida, embora o testamento tenha sido feito.

Em sua extrema angústia, eis que vê o seu pai aparecer-lhe em sonho indicando o lugar onde se encontrava o recibo que anulava a cautela; ao encontrar o recibo, mostrou-o ao credor e anulou a reclamação mentirosa, recuperando o documento assinado que não fora devolvido a seu pai quando do pagamento da dívida.

Eis aí um fato em que se supõe que a alma do defunto tenha se preocupado com o seu filho, vindo a seu encontro enquanto dormia, para avisar-lhe o que este ignorava, livrando-o de uma séria preocupação.

Praticamente na mesma época em que me contaram esse fato, enquanto eu ainda residia em Milão, aconteceu a Eulógio, ótimo professor de Cartago e meu discípulo nessa arte, como ele mesmo me recordou, o seguinte acontecimento (que ele próprio me narrou quando retornei à África): ele estava fazendo um curso sobre as obras de Cícero e preparava uma lição sobre certa passagem obscura que não conseguia compreender.

Tal preocupação não o deixava dormir, mas eis que, de repente, eu lhe apareço durante o sono e explico-lhe as frases que lhe eram incompreensíveis.

Ora, certamente não era eu, mas a minha imagem - sem eu o saber!

Eu estava bem longe, do outro lado do mar, ocupado com um outro trabalho ou talvez dormindo, sem sentir qualquer tipo de preocupação com as dificuldades dele...

Como, então, se produziram tais fenômenos?
Não sei.

Mas seja como for, por que razão devemos acreditar que os mortos nos aparecem em sonhos, na mesma forma de imagem, como acontece com os vivos?

Uns e outros ignoram completamente serem objeto de aparições e também não se preocupam em saber para quem, onde e quando aconteceram.

Um comentário:

  1. Voce narrou um fato que ocorreu com uma colega de trabalho, ela estava com a filha muito grave em um hospital com meningite bacteriana. Ela passou a noite com a filha e durante o dia foi em casa para descansar, quando sonhou comigo (minha imagem ) dizendo-lhe que ficasse tranquila que sua filha esta curada. Com grande alegria ela retornou ao hospital e encontrou a filha muito melhor do que quando a deixou e aos poucos foi se recuperando até ficar completamente curada e sem nehuma sequela. Sei que Deus usou de minha imagem por representar para ela alguém de confiança e que é muito católica. Até hoje ela sente um grande carinho por mim por esse fato, embora eu tenha lhe explicado que fora Seu anjo que usou minha imagem para lhe falar. Sei que os mortos não voltam e nem devemos evocá-los, mas creio que Deus pode fazer o que bem lhe aprouver para ajudar a nós e a eles, se Ele o quiser. Vejo isto em muitas histórias narradas pelos santos.

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