III
Cristo nos revela o Pai
1. O nome de Deus como Pai, antes, a ninguém fora revelado. Mesmo a Moisés, que perguntara a Deus seu nome, um outro nome foi dito. Quem no-lo revelou foi o Filho. É preciso que haja o nome do Filho, para de novo termos o nome do Pai. O Senhor disse: "Eu vim em nome de meu Pai" (Jo 5, 43). E ainda: "Pai, glorifica o teu nome" (Jo 12, 28). E ainda mais claramente: "Eu manifestei o teu nome aos homens" (Jo 17, 6).
"Santificado seja o teu nome"
2. Pedimos, pois, que esse nome seja santificado. Não que caiba aos homens desejar o bem a Deus, como se alguém lhe possa dar qualquer coisa. Ou que Deus passe necessidade, sem os nossos votos. Mas é muito conveniente que Deus seja bendito em todo tempo e lugar pelo homem. Com efeito, todos os homens devem se lembrar, sem cessar, dos benefícios divinos. Este pedido tem a função de bendizer a Deus.
3. Quando, aliás, deixa o nome de Deus de ser santo e santificado por si mesmo? Não é, acaso, por meio dele, que os outros são santificados? Os anjos em torno de Deus não cessam de dizer: Santo, Santo, Santo! Da mesma forma, também nós, destinados a viver em companhia dos anjos, se o merecermos, aprendemos desde já na terra, este louvor a Deus, assim como aprendemos o que faremos no futuro, na glória.
4. Eis o que se refere à glória de Deus. Mas, o que é que pedimos para nós, ao dizer: "Santificado seja o teu nome"? Pedimos, na realidade, que ele seja santificado em nós, que o ouvimos, e também naqueles que Deus ainda aguarda com a sua graça. Assim, orando por todos, observamos igualmente um outro preceito evangélico, que é de rezar por todos, mesmo os nossos inimigos (cf. Mt 5, 44). Não dizendo que o nome de Deus seja santificado em nós, estamos dizendo que ele seja santificado em todos.
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